terça-feira, dezembro 11

CPRM faz estudo das terras caídas na bacia hidrográfica do rio Solimões



Participantes da expedição
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) organizou, na última semana, a expedição à bacia hidrográfica do baixo rio Solimões para estudar o fenômeno geológico denominado regionalmente como “Terras-Caídas”. O tema vem sendo mapeado na região amazônica pela CPRM, através de ação do PAC, inserida no programa do governo federal Gestão de Riscos e Resposta a Desastres. 


A expedição foi organizada pela Superintendência de Manaus, representada pelo superintendente Marco Oliveira e o supervisor José Luiz Marmos, juntamente com a Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial, representada pelo diretor Thales Sampaio, o Departamento de Gestão Territorial, representado por Cassio Roberto da Silva e o Coordenador Executivo do Departamento de Gestão Territorial (DEGET), Jorge Pimentel. 

“Terras-caídas” é uma terminologia regional amazônica usada generalizadamente para os processos de erosão fluvial como  desmoronamento e desabamento, assim como deslizamentos, as quais afetam todos os anos a população ribeirinha e oferece riscos até à navegação fluvial. 

A expedição teve inicio em Manaus, visitando locais onde já ocorreram deslizamentos de barrancos de rio, como o Porto do Chibatão, Careiro da Várzea, Manacapuru, Anamã e Beruri. Os deslocamentos foram realizados por meio de uma embarcação regional e contaram com a participação de 25 técnicos, sendo que da CPRM, 8 foram de Manaus (Antônio Gilmar Souza, Elton Andretta, José Luiz Marmos, Luiz Felipe Ladeira, Marco Oliveira, Nélson Reis, Renê Luzardo, Jéssica Muniz (estagiária)), além do apoio logístico pelos auxiliares Gerson Tavares e Valdemilton Gusmão, do DEGET foram Cassio Roberto da Silva, Valter Marques e Ivan Bispo e das unidades regionais foram Dianne Fonseca e Iris Bandeira (Belém), Amilcar Adamy (Porto Velho), Breno Beltrão (Recife), Marcely Machado (Belo Horizonte), Aline Nogueira (Salvador) e Marlon Hoelzel (Porto Alegre). Além da participação dos consultores em geologia geotécnica, os professores Luiz Antonio Bressani (UFRGS), Frederico Sobreira (UFOP) e Luis Edmundo Campos (UFBA), bem como dos convidados Daniel Henrique Cândido, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), e Fábio Eduardo Arruda, do Ministério das Cidades, que também fazem parte do programa de “Gestão de Riscos e Resposta a Desastres” do Governo Federal. 

Segundo as observações preliminares efetuadas pelo grupo de pesquisadores, em geral as “Terras-Caídas” ocorrem preferencialmente nos terrenos recentes (aluviões) formados nos últimos 2 mil anos, constituídos por areias e argilas inconsolidadas; os processos são de erosão fluvial (desabamentos, desmoronamentos) nos períodos de cheia. Os processos de deslizamentos como rastejos, rotacionais e translacionais ocorrem no período de estiagem (setembro/outubro), motivados pelo rápido rebaixamento dos níveis dos rios. 

Além das observações efetuadas, o grupo de pesquisadores elencou algumas sugestões para avançar no conhecimento dos fenômenos (terras caídas) relativos aos movimentos de massas que ocorrem nas margens na bacia hidrográfica do rio Solimões, tais como: fazer uma análise histórica-temporal com a localização dos acidentes ocorridos no passado; mapear as margens do rio Solimões e daqueles que também drenam os sedimentos quaternários (aluviões recentes), anotando os locais onde estão ocorrendo processos erosivos e/ou deposicionais; aprofundar os estudos e monitorar os afloramentos típicos onde ocorrem processos de rastejo, rotacionais, translacionais, de erosão fluvial e desabamentos, utilizando modernos equipamentos geofísicos, sondagens, hidrológicos, hidrogeológicos e geotécnicos, no prazo máximo de 2 anos; e setorizar as áreas de riscos, além da área urbana municipal, também as comunidades que vivem nas margens dos rios. 


Detalhe do topo da encosta onde o deslizamento 
comprometeu moradias e o arruamento.
Deslizamento rotacional na margem do rio Solimões